O Dia Nacional do Forró é comemorado nesta segunda-feira, 13 de dezembro, em homenagem ao aniversário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
Por: José Rosemilton Silva, jornalista e escritor.
O forró, que vem da palavra “forrobodó” e não de For All como andaram propagando, era uma festa tocada por sanfona, zabumba e triângulo e que sempre terminava numa briga, numa confusão, daí o nome que aos poucos foi sendo abreviado para forró.
Na última quinta-feira (9), o forró foi declarado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – como Patrimônio Imaterial e Cultural e até que o reconhecimento veio tarde, o que poderia ter sido quando ainda o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, era vivo, conforme vários artistas afirmam, mas vem em boa hora.
O que está sendo estranhado por muitos é ter incluído no reconhecimento ritmos que não dizem ao quarteto que forma o forró – xote, xaxado, baião e arrasta pé. O que se estranha é a inclusão do reconhecimento de músicas tocadas por bandas que nasceram a partir da formação de Mastruz Com Leite, que se intitulava como banda forrozeira tocando um tipo de música que não contém um único elemento dos 4 ritmos, com batida e formação melódica bem distante do que vem a ser o forró. E ganhou seguidores no Nordeste, desconfigurando uma cultura centenária que se projetou a partir dos anos 40 com Luiz Gonzaga e que formou uma legião de fãs e seguidores da melhor estirpe.
Não é de hoje que se tenta desconfigurar a cultura nordestina. Não temos nada contra as outras culturas que até admiramos, mas essa região do país vem recebendo ataques de muito tempo e com o beneplácito e até participação de órgãos oficiais de governo, como a de tentar dar uma outra cara aos festejos juninos, com a entrada de ritmos diferentes dos tradicionais e sem a participação do seu principal formato musical que é o forró.
Sem contar com os “blocos de carnaval” em que foram transformadas as quadrilhas juninas, que foram apelidadas de quadrilha estilizada como se a cultura tivesse que evoluir e não ser preservada e tudo isso, como foi dito, com o apoio de órgãos oficiais da dita cultura.
Se já incluíram elementos que tocam e cantam uma música que não tem nada a ver com o forró, como foi feito com a quadrilha junina, talvez a próxima investida se volte para o aboio do nosso vaqueiro que tange o gado com seu canto lindo como fazem os peões de boiadeiros com seus berrantes nas outras regiões do país.
Quem sabe se daqui a pouco não vai aparecer um cantador de viola no meio da feira entoando um repente com outro ritmo e outra melodia. Será que não vai aparecer um Boi de Reis estilizado dançando um ritmo puxado por um DJ. Nosso João Redondo ou mamulengo pode, de repente, aparecer falando uma linguagem diferente da habitual. O Nordeste perdeu o seu último bastião de defesa da sua cultura, Ariano Suassuna e por isso mesmo estamos a mercê desses ataques sem que baluartes da música, das letras e das artes nos defendam.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista CHIC.