CARDE vai expor carros icônicos no Salão do Automóvel


Museu levará vários veículos que participaram da trajetória do evento


12 nov 2025 | Automóveis e outros

De 22 a 30 de novembro, o Distrito Anhembi irá receber um dos maiores eventos da indústria automobilística do País, a 31ª edição do Salão do Automóvel. E o estande do Museu CARDE irá levar oito veículos icônicos que fizeram parte da história do evento ao longo desses anos. A proposta do museu de Campos do Jordão (SP) para atrair visitantes é que o automóvel seja o fio condutor para se contar uma história ou até mesmo para ativar lembranças, despertar as mais puras memórias afetivas, um elo com os desejos e boas recordações de outros tempos.

“São modelos realmente especiais que mostram o que habitava no imaginário dos apaixonados por carros nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Tenho a certeza que, para muitos, ao verem esses automóveis frente a frente, muitas lembranças virão à mente. No CARDE vemos essas conexões todos os dias”, conta Luiz Goshima, diretor do museu em Campos do Jordão. Essas raridades, inclusive, estiveram presentes na mostra desde sua primeira edição, em 1960, como a Volkswagen Kombi Turismo, um tipo de Motorhome, para viagens em família.

Produzida pela Volkswagen do Brasil, o modelo era baseado na consagrada Kombi, mas trazia detalhes voltados ao conforto e à experiência de viagem, como acabamento interno aprimorado e janelas panorâmicas que ampliavam a visibilidade. Equipada com motor boxer de 1.200 cm³ e tração traseira, unia robustez mecânica e versatilidade para encarar longas distâncias. Seu design simples e carismático, aliado à confiabilidade alemã, fez da Kombi  um verdadeiro ícone das estradas brasileiras, símbolo de companheirismo, aventura e da cultura sobre rodas que se consolidava no País.

Outro destaque na mesma década, foi a apresentação do STV Uirapuru. Realizado no Pavilhão de Exposições do Parque Ibirapuera (SP), o Salão de 1966 revelou o Uirapuru, construída pela STV, Sociedade Técnica de Veículos Ltda., capitaneada por Rigoberto Soler, o novo modelo dividia os holofotes no estande da marca com mais outros três carros, entre eles, o inusitado protótipo Gavião. Sua principal característica estética, além da carroceria sem capota, era o uso de faróis dianteiros retangulares, atualizados. Equipado com um motor de seis cilindros, de 4.2 litros, de 162, 171 ou 177 cavalos de potência, dependendo dos opcionais de desempenho escolhidos, apenas dois exemplares foram fabricados.

Representando a mostra no ano de 1970, o esportivo Dodge Charger R/T, de 1971, foi presença marcante no Salão do Automóvel quando mudou de endereço, inaugurando o Pavilhão de Exposições do Anhembi. Lançado em 1971, o Dodge Charger R/T tornou-se um dos grandes símbolos da era de ouro dos “muscle cars” nacionais. Com motor V8 de 5.2 litros e 215 cavalos de potência, unia desempenho impressionante e som inconfundivel a um design de linhas agressivas e esportivas.

Em 1972, o SP2 foi a estrela do estande da Volkswagen no Salão. Produzida por um curto período, a linha de automóveis SP é considerada o primeiro projeto totalmente desenvolvido pela Volkswagen do Brasil. Com os estudos preliminares iniciados ainda no final da década de 1960, a fabricante buscava uma alternativa própria para competir diretamente com o Puma, esportivo brasileiro de grande sucesso. O SP2 chamava a atenção por seu perfil baixo e seus traços arrojados.

Disponível em duas versões, batizadas de SP1 e SP2, diferenciavam-se pelos detalhes internos e pela motorização utilizada, 1600 ou o inédito 1700, gerando 65 e 75 cavalos de potência, na devida ordem. Mesmo com a repercussão positiva em relação ao desenho do carro, o desempenho geral frente ao principal concorrente deixou muito a desejar, o que contribuiu para o seu fim precipitado. Um marco na história da indústria automobilística nacional, ganharia admiradores e entusiastas ao redor do globo, sendo cultuado até pelo museu da Volkswagen na Alemanha. Menos de 11 mil exemplares foram construídos entre 1972 e 1975, dos quais, 88, somente do modelo mais simples, o SP1.

Nos anos 1980, foi a vez do lançamento do Volkswagen Gol GTi, mostrado pela primeira vez na edição de 1988. Foi o primeiro automóvel nacional equipado com injeção eletrônica de combustível. O exemplar em exposição possui um motor de quatro cilindros em linha, de 2 litros, de 120 cavalos de potência, câmbio manual de cinco marchas e capaz de alcançar a velocidade máxima de 185 quilômetros por hora. Um divisor de águas na história da indústria automobilística brasileira e objeto de desejo entre os apaixonados pela linha VW.

O supercarro brasileiro Hofstetter, apresentado no Salão de 1984, representava uma das mais ousadas iniciativas da indústria automobilística nacional. Materializado por Mário Richard Hofstetter em 1975, o Hofstetter 001 que será exposto no estande do CARDE é um protótipo absolutamente singular no panorama automotivo brasileiro. Sua carroceria foi construída em tecido de fibra de vidro, enquanto o chassi, derivado de um protótipo de corrida da Divisão 4, recebeu uma estrutura multitubular em tubos de aço trefilado, revestida por chapas de duralumínio. O conjunto mecânico utilizava motor Cosworth Hart em posição central, câmbio Hewland e freios a disco nas quatro rodas.

Seu desenho original data de 1973, concebido por um jovem brasileiro de apenas 16 anos, que incorporou soluções estéticas e funcionais ousadas, inspiradas em protótipos contemporâneos como o Alfa Romeo Carabo (1968), do Studio Bertone, e a Maserati Boomerang (1971), de Giorgetto Giugiaro. Com apenas 99 cm de altura, o 001 adotava portas em asa de gaivota e faróis escamoteáveis, expressando o espírito experimental, técnico e visionário que marcaria a engenharia automotiva nacional naquele período. Posteriormente, o modelo passou por modificações para torná-lo mais adequado ao uso cotidiano, sendo apresentado ao público no Salão do Automóvel de 1984. Ao longo de sua produção artesanal, o Hofstetter teve um total de 18 unidades fabricadas.

A abertura das importações na década de 1990 trouxe para o Brasil a Ferrari F40, um sonho sobre rodas que foi materializado no Salão.  Apresentada em 1987, ela foi criada para celebrar os 40 anos da marca e tornou-se um ícone absoluto entre os supercarros. Derivada do projeto 288 GTO Evoluzione, foi o último modelo desenvolvido sob a supervisão direta de Enzo Ferrari. Equipada com um motor V8 biturbo de 2.9 litros, capaz de gerar 478 cavalos de potência, atingia a velocidade máxima de 324 quilômetros por hora. Entre 1987 e 1992, pouco mais de 1.300 unidades foram produzidas, consolidando seu status como um dos carros mais lendários já fabricados.

Na década que marcou a chegada inédita dos superesportivos de representatividade mundial, o Salão do Automóvel de 1994 foi palco da apresentação do Jaguar XJ220 em solo brasileiro. Era derivado do protótipo criado em 1988 e apresentado em sua versão definitiva, de produção, em outubro de 1991. Era a aposta da Jaguar para entrar no competitivo mercado internacional dos supercarros. Equipado com um motor V6 biturbo, central, de 550 cavalos de potência, era capaz de atingir a velocidade máxima de 340 quilômetros por hora, tornando-se o carro de produção em série mais rápido do mundo em 1992. Aproximadamente 280 unidades foram construídas até 1994.

CARDE conta a história do Brasil tendo os automóveis como fio condutor

No meio de uma floresta preservada de araucárias na cidade de Campos do Jordão, a 170 quilômetros de São Paulo, o CARDE surge como um espaço dedicado à valorização da cultura e da história do Brasil. Inaugurado em 2024, o museu é parte da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), que conta com outras iniciativas na cidade de Campos do Jordão. É uma instituição independente e sem fins lucrativos, que há 17 anos desenvolve projetos nas áreas de arte, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social.

 

SERVIÇO

31º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
De 22 a 30 de novembro de 2025 – Distrito Anhembi – São Paulo/SP
Rua Olavo Fontoura, 1209
Ingressos: www.salaodoautomovel.com.br

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