Descubra como o slow fashion e o upcycling podem te ajudar a fazer mais para manter a saúde do planeta
Por Gabriela Guasti
Foi em 1970 que senador norte-americano Gaylord Nelson criou o Dia da Terra, com o objetivo de unir as pessoas em prol da saúde do planeta. Diversas ações são promovidas em mais de 190 países para conscientizar a população a respeito da importância da preservação dos recursos naturais.
Inúmeros hábitos impactam diretamente esses recursos, como por exemplo, comprar roupas “fast-fashion”, ou seja, feitas em grandes quantidades para se adequar às tendências, mas com o objetivo de serem trocadas em alguns anos.
A indústria da moda é responsável por 8% da emissão total de gás carbônico na atmosfera, o que corresponde a 32 milhões de toneladas todos os anos. Os impactos causados, principalmente, pela utilização do poliéster, um dos tecidos mais comuns no mundo fashion, só perdem para aqueles causados pelo setor petrolífero.
A indústria da moda também é conhecida por seu elevado consumo de água. São cerca de 93 trilhões de litros de água destinados à fabricação de tecidos e peças. Sabe aquela blusinha de algodão antiga que você tem no fundo do armário? Foram necessários aproximadamente 2.720 litros de água para fazê-la do zero. Essa quantidade equivale ao consumo de água de um adulto durante três anos. Todo esse gasto gera cerca de 100 bilhões de peças todos os anos. Mas esse estoque não reflete o uso da maioria dos consumidores, que, segundo dados da GlobalData e da Green Story Inc., utilizam apenas 30% das roupas que possuem.
Para tentar frear essa poluição, criou-se o movimento “slow fashion”, que é contrário ao consumo em grande quantidade de peças que estão em tendência e ao seu rápido descarte. Nas produções do slow fashion, são usados apenas recursos necessários para cada peça, há o descarte sustentável dos resíduos e a quantidade produzida é menor do que as da “fast-fashion”, além das peças possuírem mais durabilidade e poderem ser facilmente customizadas para o cliente.
Outro fator que contribui para uma maior sustentabilidade na moda são os próprios consumidores que reaproveitam suas peças favoritas. Além dos famosos DIY (Do It Yourself, ou “faça você mesmo”) que se popularizaram nas redes sociais a partir de 2010, nota-se também o aumento da prática do “upcycling”, que consiste em pegar peças que seriam (ou foram) descartadas e transformá-las em algo novo. Os maiores disseminadores dessa prática são os brechós, que estão se especializando cada vez mais para ampliar seu alcance.
Para a gerente de marketing Sofia Xavier, comprar em brechós, especialmente online, se tornou uma alternativa mais barata e viável para compor seu estilo e evitar o acúmulo de peças. Ela conta que a venda de suas roupas antigas para brechós a ajuda a ganhar renda extra, a contribuir para o ciclo de sustentabilidade e a manter seu armário organizado e atualizado.
“Quando a gente reutiliza, a gente reduz o consumo de produtos novos, e se isso vira realmente um ciclo as marcas começam a se conscientizar disso. A indústria da moda já acordou para essa necessidade de reuso”, diz Sofia.
Para atender esse público, entre 2020 e 2021, a abertura de brechós no país registrou um crescimento de mais de 48%, segundo uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em nosso Instagram, fizemos uma seleção de brechós para você redescobrir a moda e ainda contribuir para a sustentabilidade do nosso planeta.