Na manhã desta quarta-feira (3), a FIEC trouxe importantes momentos para a discussão sobre a implementação do HUB do Hidrogênio Verde no Ceará. Após a cerimônia de abertura do FIEC Summit 2022, o assunto foi introduzido por Natália Castilhos, Analista da BloombergNEF para a América Latina, numa palestra com o tema “Keynote Speaker Brasil no cenário internacional do Hidrogênio Verde”.
Natalia apresentou um panorama geral sobre a BloombergNEF, uma empresa de pesquisa estratégica em energias renováveis e outras áreas correlatas, com foco na descarbonização da indústria, ou seja, na redução ou extinção da emissão de gás carbônico em todos os processos produtivos. “A tecnologia do Hidrogênio Verde tem um grande potencial para descarbonizar setores que são difíceis de diminuir emissões e pode ser usada como combustível, na área de transportes ou projetos de eletricidade; ou para a indústria, como fonte de calor; ou também pode ser usada como propriedade química na indústria de fertilizantes, no refino de petróleo, na produção de plástico e na metalurgia e produção de aço”, elencou.
A BloombergNEF identificou que 31 países já anunciaram estratégias de Hidrogênio Verde – 17 deles já em curso de preparação para a produção. Na América Latina, o Chile é o país pioneiro no assunto, tendo lançado sua estratégia em 2020, com meta de gerar 25 gigawatts (GW) de energia, através da produção de H2V por eletrólise, até 2030.
O Brasil tem um projeto bastante sólido de se tornar competitivo no mercado mundial. Segundo Castilhos, por conta dos nossos parques eólicos e de energia solar, temos mais condições de produzir H2V a baixo custo. A projeção é de que, até 2038, o custo de produzir Hidrogênio Verde, no Brasil, seja menor que o da produção de Gás Natural.
Painel – Ceará, casa do Hidrogênio Verde e sua inserção global
Em seguida, os participantes acompanharam o primeiro painel do FIEC Summit, com o tema “Ceará, Casa do Hidrogênio Verde e sua inserção global”. Moderado pelo Secretário Executivo da Casa Civil e Coordenador da Transição Energética do Estado do Ceará, Célio Fernando, este painel contou com a participação de Jurandir Picanço, Consultor de Energia da FIEC; de Duna Uribe, Diretora Executiva Comercial do Complexo do Pecém; Jorge Boeira, Fundador e Sócio-Diretor da Cognitio Consultoria e Consultor independente da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ); Carlos Costa, Senior Energy Economist do Banco Mundial; e Wieland Gurlit, Senior Partner McKinsey & Company.
Jurandir Picanço apresentou aos participantes a palestra “Políticas públicas para transição energética e HUB de Hidrogênio Verde do Ceará”. Nela, o Consultor comentou que a maior parte das energias eólica e solar produzidas no Brasil (88%) está na região Nordeste; o Ceará tem localização privilegiada, próxima a grandes mercados consumidores; e o Complexo do Pecém tem estrutura pronta para receber a produção de H2V, possibilitando ao nosso estado a força necessária para avançar como HUB.
“Neste momento, Governo do Estado, FIEC, Universidade Federal do Ceará, Complexo do Pecém, Porto de Roterdã, Agência de Cooperação GIZ e HL Soluções Ambientais estão formulando estudos e políticas públicas de energias renováveis voltadas para o desenvolvimento sustentável e a configuração de um HUB de Hidrogênio Verde.
Hoje, já são quase vinte memorandos de entendimento que estão sendo assinados, mostrando que aquilo que nós vislumbramos foi confirmado pela percepção de empreendedores que identificaram esta mesma oportunidade”, explicou Jurandir Picanço que também lembrou que o SENAI Ceará promoveu um curso de Introdução ao Hidrogênio Verde que superou as expectativas de inscrições, chegando a milhares de participantes, inclusive estrangeiros.
A Diretora Executiva Comercial do Complexo do Pecém (CP), Duna Uribe, falou sobre as “Soluções do Complexo do Pecém para o HUB de Hidrogênio Verde”. Ao apresentar a estrutura do Complexo, Duna enfatizou a importância da Zona de Processamento de Exportação, que é a única ZPE em atividade, no Brasil, desde 2013, abrigando a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
“Nossa ambição, feita conjuntamente com a consultoria do Porto de Roterdã, é de que o Complexo do Pecém será o agente que vai promover que o estado do Ceará seja um player global nessa nova economia do Hidrogênio Verde”, afirmou Uribe.
Entre as soluções que o CP oferece para a produção de H2V, estão: operações em infraestruturas já existentes, com o transporte de Hidrogênio Verde, transformado em amônia, por um píer que já está em atividade; tancagem compartilhada, reduzindo custos; rede de gás natural em que o H2V pode ser injetado; e a rede elétrica com a Subestação Pecém 2, com conexões de 230 Kv e 500Kv.
Em seguida, o palestrante foi Jorge Boeira, Fundador e Sócio-Diretor da Cognitio Consultoria e Consultor independente da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O tema foi “Produção de Hidrogênio Verde: oportunidades para a indústria cearense”. Boeira ressaltou a capacidade de governança e articulação no que chamou de “tríplice hélice”, envolvendo Governo do Ceará, FIEC e UFC, no diálogo pelo interesse de todos para a realização da transformação energética representada pelo Hidrogênio Verde.