22 ago 2022 | Noticias

Neste fim de semana, o bispo da Diocese de Crato, Dom Magnus Henrique Lopes, anunciou durante uma romaria realizada todos os anos em Juazeiro do Norte, que a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista. Os milhares de fiéis presentes comemoram o anúncio com uma salva de palmas e fogos.

Padim Ciço nasceu na cidade do Crato, em 24 de março de 1844. Ele foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1870. Celebrou sua primeira missa em Juazeiro em uma noite de Natal. A partir de então ele passou a atender povo com suas palavras e com o seu exercício ministerial.

Foi através de um sonho que o Padre Cícero percebeu como se daria a sua missão em Juazeiro. Ele percebeu a presença de inúmeras pessoas ao redor de Jesus e dos apóstolos na épica última Santa Ceia. No caso, as pessoas seriam os flagelados da seca que assolava o interior nordestino. Então, Padre Cícero escutou de Jesus as palavras que o acompanharam durante toda a sua vida: “e tu, Cícero, toma conta deste povo!”. Esse foi realmente um divisor de águas para um sacerdote recém-ordenado.

Padre Cícero ainda foi testemunha ocular de outro importante acontecimento em Juazeiro. Com aproximadamente 19 anos de sacerdócio, numa celebração eucarística em março de 1889, com a presença de moças que viviam da caridade, auxiliando a catequese daquele povo, depois de horas de oração e jejum por ocasião da quaresma, Padre Cícero, ao dar a comunhão à beata Maria de Araújo (outra importante personagem da história de Juazeiro do Norte), a hóstia consagrada se transformou em sangue em sua boca. Fato que ocorreu ainda por mais 138 vezes, num período de quase dois anos.

Tais acontecimentos serviram para fomentar as peregrinações a Juazeiro do Norte o que permitiu alavancar a vida do pequeno povoado. Em meio a tantas transformações político-econômicas, o povoado, tornou-se cidade ao ser emancipado a 22 de julho de 1911, vindo a ter como seu primeiro representante municipal o querido Padre Cícero, que cada vez mais arrebanhava fiéis na crescente presença dos romeiros e das romarias.

Padre Cícero morreu em 1934 com um desentendimento com o Vaticano por envolvimento com a política e pelo polêmico “milagre da hóstia”. Em 2015, o Vaticano atendeu ao pedido do bispo Dom Fernando Panico e a reconciliação teve início, não havendo mais impeditivos para a abertura do processo de beatificação do santo amado.

Durante o processo de beatificação o Vaticano faz um levantamento da biografia do candidato para verificar se há algum fator que possa impedir o processo. Se nada for encontrado, a igreja emite o Nihil Obstat (nenhum impeditivo), um documento dirigido ao bispo indicando que o pode haver continuidade do processo. Como ocorreu nos festejos deste fim de semana, ele passa a ser chamado de Servo de Deus. 

Em seguida, um tribunal eclesiástico diocesano confere as virtudes e constata toda a sua trajetória. O Vaticano avalia relatos de milagres, graças e atos que possam dar status de beato a Padre Cícero. Aprovado o milagre, o papa autoriza a beatificação. Depois de se tornar beato, é necessário outro milagre para a canonização.